Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: ALMT
A sessão plenária da Assembleia Legislativa desta quarta-feira (2) foi marcada por protestos e intensas discussões entre deputados estaduais sobre a ocupação no Contorno Leste, em Cuiabá. Moradores da região invadiram as galerias com faixas e cartazes, cobrando a regularização da área, que já tem decisão judicial favorável à desapropriação.
O debate teve início após o deputado Gilberto Cattani (PL), que presidiu a CPI das Invasões, se posicionar contra a forma como a ocupação é conduzida. O liberal também recordou o assassinato de João Pinto, morador da área, ocorrido um dia após ele conversar com o deputado Carlos Avallone (PSDB), relator da CPI, durante uma visita ao local.
“Como presidente de uma CPI que trata das invasões, eu não posso me furtar de falar de um assunto que é o Contorno Leste. Aqui foi citado como um programa habitacional e eu discordo disso. Não podemos considerar que algo assim comece com a invasão da propriedade privada”, declarou.
A fala provocou reações de outros parlamentares, como o deputado Wilson Santos (PSD), que afirmou que seria injusto atribuir o crime aos moradores. “Quem matou o senhor João Pinto tem nome, CPF e RG: foi um policial civil. Queremos justiça. Esse crime não pode ser jogado nas costas de mães solteiras e trabalhadores que lutam por um pedaço de terra”, rebateu Wilson.
O deputado Valdir Barranco (PT) também reagiu com críticas a Cattani, citando o passado do colega como beneficiário de programas de reforma agrária. “Fico estarrecido. O deputado Cattani é fruto da política nacional de reforma agrária, foi acampado e se beneficiou de um programa justo. Agora vem dizer que quem está ocupando não merece atenção? Como pode alguém que já foi beneficiado querer negar isso aos demais?”, questionou, mencionando o assentamento Pontal do Marapé.
Em resposta, Cattani elevou o tom e atacou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “É um absurdo comparar invasão com assentamento. Um assentamento é uma área legítima, comprada pelo governo federal. A reforma agrária que deu certo foi a que levou Lucas do Rio Verde a se tornar o maior polo industrial do estado. Isso, sim, é reforma agrária. O que existe hoje é vagabundagem que só leva terror ao campo”, disse.
Pedido de intervenção de Cuiabá
Esta semana, moradores da região protestaram em frente a Prefeitura de Cuiabá e pediram apoio do prefeito Abilio Brunini para regularização da área. As famílias estão sob ordem de despejo e alegam que não têm para onde ir. Eles querem que o local se torne loteamento popular. O gestor, por sua vez, pediu estudo da situação das famílias e irá avaliar a possibilidade de compra da área.